*por Eduardo Rocha
Criado no Brasil na década de 1960, o consórcio surgiu como uma alternativa de acesso ao crédito para os brasileiros. Naquela época, essa modalidade possibilitava a aquisição de automóveis de forma autofinanciada, mas atualmente, tem se destacado no mercado como uma ferramenta financeira para compra de qualquer tipo de bem.
Segundo dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC), o sistema de consórcios no Brasil tem registrado um aumento consecutivo no número de membros por mais de 30 meses desde 2022, passando de 8,21 milhões para 10,7 milhões de participantes. Esse crescimento foi impulsionado principalmente pelos segmentos de imóveis (18,1%), veículos leves (5,4%), serviços (3,1%) e motocicletas (1,5%).
Embora esteja atingindo aproximadamente 11 milhões de membros no Brasil, acredito que os consórcios tenham um público potencial próximo a 100 milhões de brasileiros. Esse público inclui pessoas que possuem contas em bancos digitais, mas enfrentam dificuldades para obter crédito, além de indivíduos com mais de 35 anos que já se decepcionaram com os produtos de crédito convencionais.
O crescimento é explicado pela busca de formação ou aumento de patrimônio e a obtenção de renda extra. Essa demanda, especialmente entre os indivíduos com maior poder aquisitivo, tem acelerado as mudanças nas empresas do setor, transformando a modalidade em um produto financeiro mais simples, transparente e digital, que permite um planejamento patrimonial de médio e longo prazo.
Além disso, neste novo momento, o consórcio vem atraindo também pessoas de alta renda no Brasil que, na procura por outras formas de reforçar seu patrimônio, encontram na modalidade uma maneira de evitar a descapitalização causada por entradas elevadas e os juros altos presentes nos financiamentos tradicionais. Para esses consumidores, a modalidade oferece mais que uma alternativa estratégica de aquisição, mas uma diversificação de investimentos sem comprometer o caixa imediato.
O modelo tem se mostrado cada vez mais promissor. Para se ter uma ideia, com um faturamento de mais de R$ 316 bilhões em 2023, o segmento cresceu 25% em relação ao ano anterior e continua a registrar uma expansão acelerada, de acordo com dados da Abac (Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios).
Além disso, diferente do financiamento, o consórcio se destaca por dispensar a necessidade de negociações diretas com bancos, e, por isso, atrai brasileiros de diferentes perfis de renda, já que elimina exigências como comprovação de percentual salarial comprometido e consulta ao histórico de crédito. Com isso, abre-se um leque muito maior de possibilidades, podendo ser a chave tanto para investimentos como para a aquisição de bens como imóveis, carros, motos e/ou celulares.
Isso porque, em um cenário econômico instável e marcado pela disparidade de rendas, o consórcio se apresenta não apenas como uma forma de crédito acessível, mas como uma estratégia financeira versátil, favorecendo a construção e o fortalecimento patrimonial. A ausência de juros, aliada à flexibilidade e à diversidade de planos, o torna uma ferramenta atraente para a aquisição de bens, especialmente em momentos em que o crédito bancário se torna cada vez mais seletivo e oneroso.
O resultado é que à medida que os brasileiros compreendem melhor as vantagens do consórcio, ele se consolida como um componente valioso no planejamento financeiro pessoal, seja como meio de democratização do crédito, seja como uma solução de aquisição para os perfis de renda. A grande jogada é que a modalidade atende tanto a quem deseja conquistar o primeiro imóvel quanto a quem busca diversificar seu portfólio de bens e investimentos, sejam eles um carro, uma moto ou um celular.
*Eduardo Rocha tem mais de 30 anos de experiência profissional. Foi sócio da Gradus Consultoria e CEO da Rodobens. Pensando em empreender no setor de consórcios – um dos que mais cresce no país, Rocha fundou em 2018, o Klubi, primeira fintech a ter autorização do Banco Central para operar com consórcios. Formado em Comércio Exterior, é pós-graduado em Adm. de Empresas pela University of California at Berkeley, possui MBA pela FGV e o AMP pelo Insead, além de extensões executivas em Harvard e no MIT.
Gabriel Mello
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