Literoterapia: transformando conflitos e traumas em superação
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Literoterapia: transformando conflitos e traumas em superação

Um remédio para a alma

Em momentos de dificuldade emocional, muitas vezes buscamos formas de compreender e superar os desafios que a vida nos impõe. É exatamente nesse contexto que surge a literoterapia, uma prática que utiliza a escrita e a leitura como ferramentas poderosas para tratar conflitos internos e “quase traumas”. Mas o que são esses “quase traumas” e como a literoterapia pode ajudar?

Este artigo é inspirado no trabalho profundo do Prof. Dr. Mário Carabajal, fundador e presidente da ALB – Academia de Letras do Brasil, apresentado em seu estudo sobre literoterapia e “quase traumas”. Ele demonstra como a escrita reflexiva pode ser uma poderosa aliada na superação de marcas emocionais, um tema que abordaremos de forma acessível para todos os leitores.

O que são “Quase Traumas”?

Diferentemente de traumas amplamente reconhecidos, como aqueles originados por acidentes ou perdas, os “quase traumas” são eventos intensamente emocionais que não chegam a se concretizar em tragédias, mas deixam marcas profundas na psique. Esses eventos permanecem submersos no inconsciente, manifestando-se em ansiedades, fobias ou gatilhos emocionais inesperados.

Imagine uma criança que quase se afoga em uma piscina, mas é salva a tempo. Apesar da tragédia evitada, as memórias do incidente podem causar ansiedade nos envolvidos, influenciando comportamentos e percepções futuras. Esses são os “quase traumas”, e é aí que a literoterapia entra em cena.

Como a literoterapia funciona?

A literoterapia parte do princípio de que a escrita e a leitura reflexivas são ferramentas eficazes para reorganizar e ressignificar experiências emocionais. A prática é estruturada em etapas, que ajudam a transformar essas marcas em oportunidades de aprendizado e fortalecimento pessoal:

  1. Identificação do Quase Trauma:
    • Primeiro, é necessário reconhecer o evento que causou o impacto emocional.
    • A escrita livre permite narrar a experiência em detalhes, explorando sentimentos e pensamentos associados.
  2. Ressignificação Narrativa:
    • Nesta etapa, o objetivo é reestruturar a percepção do evento, destacando aspectos positivos, como a resolução bem-sucedida ou os aprendizados adquiridos.
    • Perguntas reflexivas, como “O que foi feito corretamente?” ou “Quais lições foram aprendidas?”, ajudam nesse processo.
  3. Integração e Desensibilização:
    • Aqui, o evento é transformado em uma experiência de aprendizado.
    • A reescrita periódica da narrativa, incluindo elementos de gratidão, ajuda a reduzir a carga emocional associada ao evento.

Um caso inspirador

O conceito de literoterapia foi brilhantemente exemplificado pelo Prof. Dr. Mário Carabajal, fundador da Academia de Letras do Brasil, em um evento com refugiados venezuelanos. Durante uma confraternização natalina, uma criança de dois anos caiu em uma piscina e começou a submergir sem ser notada. A ação rápida do professor evitou uma tragédia, mas o evento deixou marcas emocionais nele, como ansiedade e dificuldade em lidar com piscinas após o ocorrido.

Por meio da escrita reflexiva, ele conseguiu processar essas emoções, transformar o “quase trauma” em uma experiência de superação e desenvolver uma metodologia terapêutica que agora beneficia muitas outras pessoas.

O poder transformador da escrita

A literoterapia não apenas alivia o peso emocional dos “quase traumas”, mas também promove autoconhecimento e fortalecimento interior. Escritores, leitores e profissionais da saúde mental podem aplicar essa prática em situações variadas, desde experiências pessoais até crises comunitárias.

Como o Prof. Dr. Carabajal destaca, reescrever nossas narrativas permite reconstruir nossa visão do mundo e de nós mesmos. A dor dá lugar ao propósito, e o medo, à ação.

Uma ferramenta para todos

Você já considerou escrever sobre os desafios que enfrentou? Talvez essa seja a oportunidade de transformar dores em aprendizados. A literoterapia oferece um caminho simples, mas profundo, para reorganizar emoções, promover equilíbrio e redescobrir o significado dos eventos que moldaram sua vida.

Que tal começar hoje? Pegue papel e caneta, ou abra um documento no computador, e permita-se explorar o poder curativo das palavras.