A posse de Donald Trump como 47º presidente dos Estados Unidos, realizada em 20 de janeiro de 2025, atraiu a atenção mundial. Porém, no Brasil, um episódio chamou a atenção: a comitiva enviada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, composta por sua esposa Michele Bolsonaro, o filho Eduardo e outros deputados aliados, foi relegada a assistir à cerimônia em um telão, instalada no ginásio Capital One Arena, enquanto a solenidade oficial ocorria no Congresso.
Esse episódio, que poderia parecer apenas um detalhe logístico, pode ter um peso simbólico significativo, indicando mudanças na dinâmica entre o trumpismo e o bolsonarismo.
O isolamento de Bolsonaro
Bolsonaro tentou pessoalmente participar da cerimônia, mas, sendo proibido de ausentar-se do país, sem um passaporte oficial e longe do cargo, viu-se incapaz de estar presente. A decisão de enviar uma comitiva, que incluía nomes de peso de sua base, foi uma tentativa clara de manter sua conexão com Trump e reforçar sua posição internacional. No entanto, o fato de Trump não ter acomodado a comitiva na solenidade oficial reforça uma desconexão crescente entre os dois líderes.
Um ginásio, não o Congresso
A escolha do ginásio Capital One Arena, cuja capacidade é 20.000 pessoas, como local para a comitiva brasileira acompanhar a posse foi sentida como um rebaixamento diplomático. Apesar de o Congresso ter capacidade para acomodar quase 2 mil convidados, Michele e Eduardo Bolsonaro não tiveram acesso ao evento principal. Esse gesto, ou a ausência dele, é revelador: enquanto Trump se concentra em consolidar sua base doméstica, as relações com Bolsonaro, agora ex-presidente, parecem ter sido relegadas ao segundo plano.
Implicações para o bolsonarismo
Esse episódio pode ter repercussões significativas para Bolsonaro e seus aliados. A conexão entre o bolsonarismo e o trumpismo sempre foi uma peça-chave na narrativa política de Bolsonaro. A aparente indiferença de Trump nesta ocasião enfraquece esse vínculo e pode desmotivar a base bolsonarista. Além disso, expõe Bolsonaro a críticas de que sua influência, tanto no Brasil quanto internacionalmente, está em declínio.
A reação pública e política
Nas redes sociais, a exclusão da comitiva brasileira já começou a gerar debates acalorados. Enquanto apoiadores de Bolsonaro tentam minimizar o episódio, críticos apontam para o que consideram ser mais uma evidência de isolamento político. No Congresso brasileiro, deputados opositores usam o episódio para atacar a tentativa de Bolsonaro de permanecer relevante no cenário internacional.
Conclusão: um gesto que fala muito
A ausência de Bolsonaro na posse e o tratamento dispensado à sua comitiva revelam mais do que problemas logísticos: expõem um distanciamento simbólico entre dois líderes que, em outros tempos, eram vistos como aliados ideológicos. Trump, em seu segundo mandato, parece estar mais interessado em seus próprios interesses estratégicos do que em alimentar antigas alianças.
Para Bolsonaro, o episódio é um sinal de alerta. Manter sua base unida e sua relevância política será um desafio ainda maior em um cenário onde até mesmo seus antigos aliados internacionais parecem estar lhe dando as costas.