As empresas estatais brasileiras encerraram o ano de 2024 com um deficit de R$ 8,07 bilhões, o maior da série histórica iniciada em 2002. O dado, divulgado pelo Banco Central no relatório “Estatísticas Fiscais”, levantou debates sobre a saúde financeira das estatais e as estratégias do governo para lidar com esse resultado.
O posicionamento do Governo
A ministra da Gestão e Inovação, Esther Dweck, minimizou a gravidade do deficit, afirmando que não se trata de um “rombo”, mas sim de um reflexo contábil das despesas das estatais. Segundo ela, muitas dessas despesas foram financiadas por recursos que já estavam em caixa e, portanto, não representam um prejuízo real.
“Não chamem de rombo, a gente já explicou isso. Hoje, o que foi divulgado pelo Banco Central é o resultado fiscal das empresas, que pensa só as receitas do ano e as despesas do ano (…). Muitas despesas que são feitas pelas estatais são com dinheiro que estava em caixa e, portanto, ele acaba gerando resultado deficitário ainda que as empresas tenham lucro”, declarou a ministra.
Apesar da defesa do governo, o deficit das estatais aumentou 255,8% em relação a 2023, quando foi registrado um saldo negativo de R$ 2,27 bilhões. Desde o início do governo Lula, o acumulado negativo das estatais já atinge R$ 10,3 bilhões.
O papel dos Correios no deficit
Dentre as estatais, os Correios foram os principais responsáveis pelo resultado negativo, acumulando um deficit de R$ 3,2 bilhões em 2024. A empresa, presidida por Fabiano Silva dos Santos, indicado pelo grupo Prerrogativas, enfrenta dificuldades para se tornar lucrativa.
Fabiano minimizou os resultados, argumentando que o balanço final será divulgado em março e poderá apresentar um cenário diferente. Entretanto, ao ser questionado sobre a possibilidade de lucro, evitou fazer previsões concretas. O deficit registrado pelos Correios em 2024 supera o pior resultado histórico até então, registrado em 2015, sob o governo Dilma Rousseff, de R$ 2,1 bilhões.
Perspectivas futuras
O governo Lula defende que a maior parte das estatais continua lucrativa, apesar dos números negativos apresentados. Segundo Esther Dweck, nove das onze estatais listadas com deficit possuem lucro, uma vez que investiram recursos de caixa em expansão e melhorias.
A discussão sobre a viabilidade financeira das estatais e sua gestão continua em pauta, com críticos argumentando que um deficit tão elevado pode indicar problemas estruturais. Ao mesmo tempo, o governo aposta na retomada de investimentos e na reestruturação de empresas como os Correios para reverter esse quadro nos próximos anos.