Pais atípicos: os heróis invisíveis na educação inclusiva
Comportamento Notícias Psicologia

Pais atípicos: os heróis invisíveis na educação inclusiva

*Por Gleiciane de Oliveira Maziotti

Como psicopedagoga, especialista em educação especial e treinamento de professores, sei que o desenvolvimento de uma criança atípica vai muito além da sala de aula. Para que a educação seja realmente eficaz, é essencial considerar não apenas a relação entre aluno e professor, mas também o papel fundamental dos pais nesse processo. Muitas vezes, os pais atípicos são esquecidos. Enquanto algumas mães estão levando os filhos para o futebol, as mães atípicas estão indo de terapia em terapia. Mas quem olha para elas? Quem reconhece o cansaço, as dúvidas e a necessidade de apoio que enfrentam diariamente?

Os pais de crianças atípicas têm uma participação ativa e indispensável na aprendizagem. Eles dão continuidade às tarefas escolares, administram possíveis limitações e criam um ambiente seguro e acolhedor para seus filhos. A educação especial não acontece apenas na escola; ela é um processo que se estende ao lar e às interações diárias.

Lembro de um caso marcante: uma mãe, ao descobrir a síndrome do filho, percebeu que ele não conseguia lidar com poluição visual. O que ela fez? Pintou a casa inteira de uma cor só, retirou quadros e objetos que poderiam desviar a atenção dele. Esse cuidado transformou a concentração da criança, impactando diretamente seu aprendizado na escola. Pequenas ações como essa mostram como o envolvimento da família é fundamental para o progresso da criança.

A parceria entre pais e educadores é um dos pilares para o desenvolvimento da criança atípica. Quando há um alinhamento entre as práticas adotadas em casa e na escola, a adaptação e o aprendizado se tornam mais fluidos. Professores precisam compreender que, por trás de cada aluno, existe uma família que também precisa de acolhimento.

Os pais atípicos enfrentam desafios que vão além da educação formal. Muitas vezes, precisam lidar com a sobrecarga emocional, a falta de compreensão da sociedade e a necessidade constante de buscar informação e suporte. A educação inclusiva deve ir além da criança e abraçar também aqueles que cuidam e lutam diariamente por ela.

Educar uma criança atípica é um desafio compartilhado entre escola e família. Quando olhamos para o aluno, também precisamos olhar para os pais, reconhecer suas lutas e oferecer suporte. A verdadeira inclusão acontece quando entendemos que, por trás de cada criança, existe uma mãe e um pai que também precisam ser acolhidos, respeitados e apoiados nessa jornada.

* Gleiciane de Oliveira Maziotti é pedagoga, psicopedagoga e especialista em educação inclusiva. Com graduação em Pedagogia e pós-graduação em Psicopedagogia com Ênfase em Educação Especial, atualmente cursa Mestrado em Educação Cristã na Northpoint University, nos EUA. Nos últimos cinco anos, tem se dedicado ao aperfeiçoamento de metodologias educacionais, contribuindo para a implementação de estratégias inclusivas na rede pública de ensino de Monte Alto (SP). Apaixonada pelo aprendizado, a educadora é referência no desenvolvimento de práticas pedagógicas voltadas para a inclusão e o respeito às diferenças.


Lucky Assessoria de Comunicação
Karol Romagnoli
Assessora