O Pai da Arqueologia Catarinense, Pe. João Alfredo Rohr, SJ teve um primeiro contato com o Sítio Arqueológico de Alfredo Wagner, quando recebeu artefatos indígenas encontrados na Olaria do Sr. Balcino Matias Wagner, em 1965. Em 1966 o Pe. Rohr pode fazer uma primeira visita e em 18 de maio de 1967 dava início às escavações que trouxeram à luz do dia peças datadas de mais de 3000 anos.
Suas conclusões são publicadas, após a descrição do trabalho arqueológico, na Revista PESQUISAS – Arqueologia, nº 17 – Ano 1967, com o título “O sítio arqueológico de Alfredo Wagner – S.C. – VI – 13. A revista pertence ao Instituto Anchietano de Pesquisas, de São Leopoldo, Rio Grande do Sul.
Denominado Sítio SC-VI-13 e localiza-se em Alfredo Wagner a uma altitude de quinhentos metros entre as estradas Florianópolis-Lages-Rio do Sul, é considerado pelo Pe. Rohr como sendo “particularmente interessante. por ter machados líticos com cabo solidário, bem como artefatos de madeira e trançado de fibra ainda conservados”. Fato “extremamente raro”, conclui o padre arqueólogo.
Um evento geológico, possivelmente um desmoronamento, obrigou os primitivos habitantes a abandonar o sítio as pressas, deixando seus pertences para trás. Razão por ter sido preservado pelo tempo.
“A conservação do material de madeira foi possível, devido a água, que alagou o acampamento ou maloca indígena, não muito tempo depois de estes terem abandonado o sítio.” (op. cit. página 20)
Pacientemente a equipe do Pe. João Alfredo Rohr foi retirando camada por camada e anotando tudo para preservar para a história:
“Cobertura superficial de capoeiras e arbustos. Até sete ou oito centímetros, húmus recente de cor parda, proveniente de folhas em decomposição. A seguir, uma camada de argila de cor negra, com alto teor de detritos orgânicos, até a profundidade de oitenta centimetros. Esta camada apresenta-sse rachada e fendida em todos os sentidos, formando colunas de barro, em decorrência da contração do barro e da lama do pântano ao secar, após a drenagem.
“A esta, segue uma camada de argila plástica de côr amarela-escula, com pequeno teor de detritos orgânicos, de quarenta centímetros de espesssura. Daí em diante temos terra amarela-clara, proveniente de rocha arenítica em decomposição.
“O material arqueológico é encontrado, particularmente, no nível de sessenta centímetros e no nível de oitenta centímetros de profundidade; revelando duas ocupações. A primeira ocupação, no nível de oitenta centímetros, foi pouco prolongada.” (op. cit. página 20)
Foram encontrados no nível de sessenta centímetros pedras levadas do rio sendo em grande número e com “evidências de uso como machados, quebra-coquinhoss, batedores, amoladores etc.”
A maloca ou habitação indígena desabou cobrindo o material levando o Pe. Rohr a supor “ter havido uma casa coberta de ramos de pinheiro e cascas de árvores, tudo amarrado com cipós. O telhado desta casa parece ter ruído sobre o material arqueológico, após a casa ser abandonada pelos inquilinos”
Quem seriam os moradores deste local? Deve estar se perguntando o leitor atento!
“Quanto à identidade dos construtores do Sítio Arqueológico SC-VI-13 possivelmente se trate de botocudo ou caigangue que foram encontrados na região pelos primeiros colonizadores.”
Esta conclusão, assim como a que finaliza o tópico, devem ter sofrido alterações após o Pe. Rohr ter recebido os resultados dos testes de datação realizados nos Estados Unidos, no Museu Nacional de Washington. A datação revelou um período acima de 3000 anos, alterando consideravelmente a suposição do Padre que, em campo supôs o uso do local entre seiscentos e oitocentos anos.
O presente resumo, bem como os artigos anteriores O sítio arqueológico de Alfredo Wagner/SC e O sítio arqueológico de Alfredo Wagner/SC – 02 só foi possível graças a colaboração de entidades que preservam e mantem o acervo inestimável das obras coletadas e escritas do Pe. João Alfredo Rohr aos quais agradeço o fornecimento de todo material e a autorização para a publicação: Instituto Anchietano de Pesquisas e o Museu do Homem do Sambaqui – Colégio Catarinense. A ação destas duas entidades em preservar e guardar o patrimônio de civilizações anteriores serviu de exemplo para que em Alfredo Wagner brotasse o espírito e a vocação arqueológica e o gosto pela história!
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