Capela de Santa Thereza na antiga Colônia Militar
Belezas de Alfredo Wagner/SC História notícia

A História de Alfredo Wagner: do Império à República, em 3 fases

Quando um município é oficialmente constituído pelas autoridades políticas, seu povo já percorreu uma longa trajetória que passou por grandes vitórias e grandes fracassos. Foi assim também com Alfredo Wagner, a Capital Catarinense das Nascentes.

Alfredo Wagner, oficialmente,  nasceu em 29 de dezembro de 1961. Sua história, entretanto, começou mais de 90 anos antes desta data. Oficialmente com o Decreto Imperial criando a Colônia Militar Santa Thereza em 1853, e extra-oficialmente, com toda certeza, com a visita de Dom Pedro II a Santo Amaro da Imperatriz alguns anos antes.

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De modo geral podemos dizer que A Capital das Nascentes passou por três fases distintas: Colônia Militar Santa Thereza (Catuíra), Barracão e Sombrio.

1ª Fase- Colônia Militar Santa Thereza

Com decreto imperial rubricado por Dom Pedro II, foi constituída uma colônia militar entre a capital da Província, Nossa Senhora do Desterro (hoje, Florianópolis) e a cidade no planalto catarinense, Nossa Senhora dos Prazeres das Lages (hoje só Lages). O caminho de tropeiros já vinha sendo utilizado por viajantes e encurtava consideravelmente o tempo da viajem, mas era inóspito, cheio de perigos e com possíveis ataques de indígenas instigados por criminosos. O Império do Brasil deu ordens para que se constituísse a Colônia Militar em 1853 aos pés do Morro do Trombudo, mas o local foi mudado ano seguinte para onde hoje se localiza a comunidade de Catuíra. A Colônia Militar teve um desenvolvimento lento em seus primórdios, com acentuadas dificuldades oriundas da localização e dificuldades de contato com a Metrópole. Porém, e os historiadores parecem fazer questão de esquecer este detalhe, a Colônia Militar Santa Thereza cresceu chegando a ter mais de 500 famílias, com produção de grãos, mel, aguardente, gado, que era comercializada em centros como Desterro e Lages. O Império levou produtos da nossa Colônia Militar para exposições internacionais, demonstrando o interesse governamental pelo desenvolvimento da região.

A Colônia Militar Santa Thereza era notícia frequente nos jornais da época, mais do que Alfredo Wagner, hoje em dia… pois estava localizada num ponto estratégico do Estado e seu progresso representaria o progresso de Santa Catarina.

A Colônia Militar também foi Mãe de diversos municípios da Região: Bom Retiro, Imbuia, Ituporanga, Leoberto Leal. Os soldados colonos, após cumprir suas obrigações e receber seus lotes ou ficavam na Colônia, ou vendiam e partiam para novos destinos.

O Governo Imperial, através do Ministério do Exército, enviava recursos financeiros para pagar o salário dos soldados-colonos e autoridades, manutenção de estradas, posto de Saúde e Igreja, pois como era uma colônia militar, havia um capelão para atender as necessidades espirituais dos soldados.

Esta etapa durou até o momento em que a República decidiu desmilitarizar as colonias e Santa Thereza, como passou a ser chamada, foi transferida para a alçada de São José, por pouco tempo, pois o Município foi completamente dividido. Passamos então a pertencer ao município de Palhoça, quando começou uma busca por novos trajetos da Estrada Lages/Florianópolis que desviasse de Santa Thereza. Moradores da Colônia, ainda tentaram manter o traçado, buscando novo caminho, que mantivesse o fluxo de viajantes e tropas pela colônia, mas o governo republicano já havia decidido encerrar esta etapa.

2ª Fase: Barracão de Dentro e, algum tempo depois, Barracão de Fora.

Esta fase levou uns vinte anos, mais ou menos, começou com o novo traçado para a Estrada Lages/Florianópolis e forçou tropas e cargueiros a mudar o caminho utilizado anteriormente. Culminou com a criação da Paróquia Bom Jesus que antecedeu em alguns anos a criação do Município de Alfredo Wagner. Devido ao traçado da estrada e a construção da ponte de madeira o Barracão de dentro se expandiu para o Barracão de fora. Como já mencionei em outros artigos, Barracão era um nome comum no Estado de Santa Catarina. Pesquisando em jornais antigos encontramos muitas referências, sendo que Barracão de Lauro Muller era o mais citado, ficando o nosso Barracão com apenas algumas citações nos periódicos.

3ª Fase: Sombrio

Fala-se pouco desta fase da história do Município de Alfredo Wagner. Ou melhor… fala-se, mas confundindo Sombrio com Barracão. Por quê razão foi feita esta confusão? Por quê razão focar no Barracão, quando o Sombrio progrediu muito mais, tendo inclusive cinema, delegacia, cartório, etc? Um grande alfredense, José de Campos, deve ser lembrado neste momento. Cidadão de grande visão, ele adquiriu terras no Sombrio e doou parte para o Colégio Municipal, para a Prefeitura, e realizou um pequeno loteamento, tendo sua casa em local bem escolhido e, raro para a época, construída em tijolos e não em madeira como era o costume. O Sombrio, por se localizar aos pés de morro íngreme, recebia os raios do Sol mais tarde que o Barracão (daí o nome do local) constantemente inundado, o local era pantanoso e necessitou de muito aterramento para que pudesse ser habitado. Tudo isso foi sendo feito aos poucos e hoje, o Sombrio, é o centro administrativo, financeiro, político e social da Cidade de Alfredo Wagner, a Capital Catarinense das Nascentes. A Colônia Militar Santa Thereza, hoje Catuíra, continuou com sua vocação agrícola e o Barracão de dentro, onde se localiza a Igreja Matriz Bom Jesus, voltou a crescer, abrigando muitas casas. O mesmo se diz do Barracão de fora, que após um período de estagnação, voltou a se desenvolver. O Sombrio, hoje mais conhecido como Praça, não tem mais espaço para expansão, mas pode expandir, como tem feito, em qualidade de construções e melhoramentos.


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