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Fim do Google+

Google+ está oficialmente morto a partir de hoje; relembre sua história

Renato Santino 02/04/2019

A saga da rede social chega ao seu fim não com uma explosão, mas com um soluço

Esta terça-feira, 2, marca o fim de um experimento que não deu certo. É a pá de cal final na história do Google+, a fracassada tentativa do Google em se estabelecer como uma potência no mercado de redes sociais e competir pelo espaço ocupado pelo Facebook.

A partir desta terça-feira, você não encontrará mais referências à rede social. Você não poderá mais acessar páginas da rede social, não poderá acessar comunidades, não haverá mais sistemas de comentários do Google+ ou botões de login com a rede social. Se você não fez o backup até a semana passada, seus dados também foram excluídos.

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É um fim triste para um projeto ambicioso. Lançada em 2011, a plataforma vinha preencher um vácuo na linha de serviços do Google. A companhia tinha o Orkut na época, mas a rede social jamais engrenou fora do Brasil e da Índia. A proposta do Plus era seguir um caminho mais próximo do que o Facebook oferecia, com um feed similar, composto por publicações de páginas e amigos.

Você pode relembrar a proposta original do Google+ neste vídeo abaixo, que o Google deixou como não-listado em seu canal oficial do YouTube:

Como tudo que o Google propunha na época, houve entusiasmo inicial. Assim como a empresa havia feito com o Orkut, seu lançamento foi fechado para quem tinha convites, o que por si só já atiça a curiosidade. Os convites chegaram a ser leiloados no eBay, e a empresa chegou a interromper completamente o acesso de novos usuários por alguns instantes por causa da alta demanda. Era um início promissor.

O Google tentou trazer mais pessoas para a rede social vinculando-a aos seus outros serviços, mas isso teve um efeito negativo inesperado. O número de “usuários” cresceu, sim, mas as pessoas não só continuaram não usando o Google+, como também passaram a ativamente odiá-lo. O maior exemplo aconteceu quando o serviço passou a ser obrigatório para comentar no YouTube, o que gerou ondas de protestos por parte do público.

O Google+ jamais se recuperou de sua impopularidade inicial, agravada com o fato de que a empresa tentava empurrá-lo goela abaixo dos usuários de seus outros serviços. Em seus últimos dias, o Google dizia que o tempo médio de uma sessão no app da rede social era de 5 segundos. Ou seja: as pessoas só abriam o aplicativo por acidente e o fechavam quase imediatamente. Para comparação, o tempo médio por sessão do Facebook é de 20 minutos.

Reprodução

A rede social se caracterizou por trazer vários recursos interessantes e que eram subutilizados justamente pelo vínculo com o Google+ e que só começaram a ganhar tração quando se tornaram independentes. Os maiores exemplos são dois: o Hangouts e o Google Fotos. Ambos nasceram como funções para usuários do Plus mas foram liberados de forma mais ampla como parte de uma reorganização da plataforma, que visava reformar a rede social em uma plataforma de “interesses compartilhados”, o que, em retrospectiva, também não funcionou.

Da mesma forma, as comunidades, importadas do finado Orkut, foram mais um acerto subaproveitado pela falta de popularidade da plataforma. Tanto é que agora os grupos do Facebook começaram a bombar na rede social e se tornaram um novo foco para Mark Zuckerberg.

Falta de segurança foi a gota d’água

A impopularidade do Plus jogou a favor do Google neste momento. Se a plataforma fosse mais usada, talvez a falha tivesse sido amplamente aproveitada por pessoas mal-intencionadas, mas felizmente não foi. A empresa poderia ter em mãos um escândalo similar ao enfrentado pelo Facebook com o caso Cambridge Analytica.

Isso fez a companhia refletir um pouco mais sobre sua rede social. Valia a pena manter o serviço no ar assumir o risco de encarar uma nova falha, potencialmente catastrófica, e se queimar como o Facebook se queimou nos últimos anos? Valia a pena investir recursos para corrigir as falhas, sendo que o Google+ trazia tão pouco retorno para a companhia? Valia a pena continuar investindo em uma rede social em uma época tão conturbada no setor, que lida com casos de demonstrações abertas de preconceito e ódio, transmissões ao vivo de massacres, difusão de boatos e notícias falsas e tantos outros problemas? A resposta do Google para todas essas perguntas foi “não”. E provavelmente foi a resposta certa.