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Polícia Federal vai investigar passado de uma das vítimas de chacina em Alfredo Wagner

Além de averiguar relações da família na Argentina, polícia quer descobrir origem de quatro armas apreendidas na casa das vítimas

A Polícia Civil de Alfredo Wagner, na Grande Florianópolis, acionou a Polícia Federal para ampliar as investigações da chacina da família Tuneu que ocorreu no início do mês. Embora as instituições já estejam em contato, ofícios com questões a serem elucidadas serão enviados ao órgão federal em até duas semanas.

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Segundo o agente de polícia Vanderlei Kanopf, a intenção é saber mais sobre o passado da família e descobrir a origem de quatro armas que foram apreendidas na residência em que ocorreu a sequência de assassinatos.

Quatro armas foram apreendidas na residência em que ocorreu o assassinato de Loraci Matthes, de 50 anos, e de seu filho de apenas oito anos. Segundo a polícia, as armas eram de propriedade do Argentino, que também foi morto. Não foram encontrados os documentos dos objetos.

O argentino Carlos Alberto Tuneu, 67 anos, que foi uma das vítimas, era ex-capitão da Marinha Argentina – país onde nasceu e viveu até mudar-se para o Brasil. Tanto ele quanto a esposa paranaense Loraci Matthes, 50, e o filho do casal, Mateo Tuneu, 8 anos, foram mortos com golpes de barra de ferro. A arma do crime ainda não foi localizada.

“Algumas questões sobre a vida financeira da família ainda não ficaram claras”, destacou Kanopf.

Na última quinta-feira (15), quando recebeu a denúncia do Ministério Público contra o principal suspeito – o comerciante ACF -, o juiz ordenou diligências complementares para tentar elucidar o caso. Entre elas, a reconstituição do crime que ocorrerá nesta nesta quinta-feira (22).

O magistrado Edson Alvanir Anjos de Oliveira Júnior  também pediu novas perícias e maiores detalhes sobre a arma usada no crime.

A denúncia do Ministério Público que inclui três homicídios destaca as qualificadoras de motivo fútil, meio cruel e impossibilidade de defesa às vítimas.

ACF foi preso em flagrante horas depois do crime e teve a prisão preventiva decretada após audiência de custódia que ocorreu três dias depois. O comerciante está detido no Presídio Regional de Lages, na Serra de SC.

À reportagem, o agente Kanopf informou que Arno confessou o assassinato da família logo após ser preso: “Ele disse que matou assim que a gente encontrou ele indo para Bom Retiro. No depoimento, foi orientado pela defesa a não falar”.

Porém, os advogados de defesa alegam que Arno nunca confessou o crime e que ela nega todas as acusações.

Dívida pode ter motivado o crime

Após a chacina, que chocou a cidade de pouco menos de 10 mil habitantes, um caderno preto com registros de uma dívida entre Arno e Tuneu foi encontrado pela polícia no sítio das vítimas. O débito teria sido o motivador não só do assassinato em série, mas também de um boletim de ocorrência registrado pelo acusado contra a família.

No dia do registro do BO, o comerciante relatou que ele e sua família estavam sendo ameaçados por Tuneu. A polícia trabalha com a hipótese de que as armas apreendidas na residência do argentino teriam sido usadas nas supostas intimidações.

Na noite que antecedeu o crime, o ACF teria ido até o sítio da família assinar alguns documentos. Tuneu, por sua vez, teria dito que “daria um jeito” caso o comerciante não pagasse o que devia. A suposta ameaça teria sido estendida à familiares.

O documento com aproximadamente 50 páginas aponta que ACF estaria em débito com a família e que, no dia do crime, deveria ter pagar a quantia de R$ 7 mil para abater o total de R$ 50 mil da dívida.

Um termo de compromisso foi firmado depois que o dono da propriedade vendeu gado ao comerciante. Após a venda de parte dos bois, que ficavam no terreno do argentino, ACF deveria ter repassado o dinheiro a Tuneu.

O documento foi encontrado dentro do caderno preto. Pagamentos devidos pelo argentino a outras pessoas também estão descritos nas anotações.

A Justiça solicitou que uma cópia desses documentos documentos seja enviada à perícia grafotécnica para confirmação das assinaturas de Tuneu, sua esposa Loreci e do comerciante Arno.

Contraponto

Os advogados Diego Rossi Moretti e Jonas de Oliveira, que assumiram a defesa do comerciante ACF, pretendem pedir a revogação da prisão preventiva.

Segundo a defesa, ACF recebeu uma ligação da polícia no dia do crime. Ele informou sua localização e se prontificou a ir até a delegacia para esclarecer os fatos. O comerciante nega ter confessado o crime informalmente à polícia como foi divulgado.

“Não sei porque estão fazendo isso comigo. Eu sempre neguei. (Os policiais) me chamaram de bandido e de monstro várias vezes”, disse o comerciante aos advogados de defesa. “Jamais confessaria um crime que não cometi”, afirmou ACF, segundo os advogados.


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