“Há cerca de um ano, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha saía da penitenciária Bangu 8 para sua casa na Barra da Tijuca, beneficiando-se do direito à prisão domiciliar. De volta ao lar, mesmo assolado por alguns problemas de saúde, Cunha se dedicou obsessivamente a uma tarefa que iniciou ainda na cadeia: passar a limpo um dos capítulos mais importantes da história recente da política brasileira. Em outras palavras, sua participação — fundamental e decisiva — na queda de Dilma Rousseff.”
Com as palavras acima a revista Veja anuncia uma verdadeira bomba nos arraiais políticos, o livro de Eduardo Cunha: Tchau, Querida — O Diário do Impeachment.
Quem viveu aqueles momentos, acompanhando ao vivo a votação na Câmara dos Deputados, deve ler a matéria e eventualmente o livro também, pois verá como funcionam os bastidores da política nacional.
Não existem nem esquerda, nem direita neste Brasil do Século XXI, o que existem são agentes gananciosos, que usam a política unicamente para seus interesses próprios.
Veja qualifica o livro Tchau, Querida — O Diário do Impeachment como “Rico em detalhes e bile, o relato de Cunha lança suspeitas sobre integrantes do Judiciário e, obviamente, expõe episódios nada edificantes de alguns dos principais nomes da política e do empresariado nacional. O ex-presidente da Câmara detalha, por exemplo, a reunião secreta em que Lula confessou o arrependimento por ter patrocinado a reeleição de sua pupila e prometeu a Cunha tentar interferir no STF para ajudá-lo. Traz ainda à baila uma lista de outras propostas indecorosas que, segundo ele, foram feitas por ministros de Estado e pela própria inquilina do Palácio do Planalto à época, na tentativa de barrar o impeachment, assim como por deputados que pediram alguns milhões de reais para salvar-lhe o mandato no Conselho de Ética, o que não aconteceu“.
Nas decisões da Câmara dos Deputados, segundo os relatos de Eduardo Cunha no livro a ser publicado em 17 de março, o que vale mesmo é o dinheiro. Veja o resumo da Veja:
Em sua metralhadora giratória, o ex-parlamentar aponta também na direção de ex-integrantes do Conselho de Ética da Câmara que teriam tentado extorqui-lo. Cunha acusa o então presidente do colegiado, o ex-deputado José Carlos Araújo, de lhe pedir 3 milhões de reais para a campanha seguinte, por meio do também ex-deputado Sandro Mabel. Se topasse, poderia interferir na escolha do relator de seu processo no colegiado.
“Essa história é mentirosa. Nunca conversei com o Mabel sobre isso”, rebate Araújo.
O relator, que depois viria a ser substituído, Fausto Pinato, também exigiu dinheiro em troca de facilidades, segundo Cunha: “Fausto Pinato estava disposto a arquivar, segundo o que me trazia o deputado André Moura, que se tornou o meu interlocutor com ele. Só que, oportunista, pediu, por intermédio de Moura, 5 milhões de reais”.
Pinato mostra-se indignado com a história. “Vou ter de processar Cunha. É muito fácil ficar preso, condenado, e, depois que está enterrado politicamente, ficar falando. Por que não falou na época?”, afirma.
Moura, por sua vez, garante que jamais houve esse pedido e que nunca levou tal demanda a Cunha. Outra tentativa, de acordo com o autor do livro, teria partido do folclórico Wladimir Costa — o insólito ex-deputado que chegou a exibir uma
tatuagem no braço em homenagem a Temer, então presidente, e depois se descobriu que seria de henna. “Sofri com o deputado Wladimir Costa (…). Ele queria 2 milhões de reais.” Segundo Cunha, nenhum valor foi pago.
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