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“O Brasil parece que desistiu de se proteger” afirma especialista que alerta nova onda de Covid-19, pior que as anteriores

O governo brasileiro deveria estar antenado para estes estudos, monitorando o quadro de saúde do Brasil, e proporcionando ao povo informações relevantes sobre a real situação sanitária do momento.

Infelizmente…

Analistas da Universidade de Maryland criaram metodologia de analise na qual utilizam informações de usuários do Facebook. A metodologia não é absoluta, mas serve como um termômetro para o que virá nos próximos dias.

Como funciona a metodologia

Usuários do Facebook no mundo inteiro são sorteados para responder a uma pesquisa sobre sua saúde no momento do questionário, se sentem sintomas semelhantes aos da covid-19 e desde quando os sentem.

Os resultados desta pesquisa ficam a disposição de autoridades, pesquisadores e tem auxiliado a “prever” novas ondas com 15 dias de antecedência.

Embora não signifique exatamente uma previsão de crescimento ―ou seja, quanto a curva poderá subir―, os dados informados revertidos em gráficos demonstram que neste momento há uma curva de crescimento íngreme e, por isso, preocupante.

O especialista Isaac Schrarstzhaupt, coordenador na Rede Análise Covid-19, rede nacional de pesquisadores voluntários para o enfrentamento da COVID-19, afirmou: “Percebi um aumento de relato de sintomas muito forte, que é uma previsão do que pode acontecer. Já é possível ver uma subida grande no gráfico”.

Rede Análise Covid-19 estudou as informações referentes ao Brasil e, ao cruzá-las com os casos oficiais registrados pelo Ministério da Saúde, percebeu uma alta taxa de acerto, capaz de antecipar o cenário da crise sanitária em 15 dias antes do que mostrarão os boletins oficiais.

Pessoas sem sintomas de covid-19 podem ser tão contagiosas quanto pacientes hospitalizados e 9% dos infectados têm altíssima carga viral na garganta, sendo que um terço deles não apresenta sinais de portar o vírus, o que ajuda a propagar ainda mais ampliando os casos.

A perspectiva sanitária para as próximas duas semanas, porém, não é nada boa.

Dados mostram a proximidade de uma nova onda potencialmente mais grave no país, que já havia estacionado em um patamar elevado, com uma média de quase 2.000 mortes diárias pelo coronavírus e hospitais ainda sob pressão.

Medidas restritivas ―hoje relaxadas em grande parte do país― poderiam interromper esta curva ascendente e a capacidade de dispersão da variante indiana. Entretanto, o cenário preocupa especialistas, que alertam para a necessidade de políticas efetivas para frear o contágio.

No gráfico, a Rede Análise de covid-19 adianta em 15 dias os dados de sintomas reportados (linhas) e os sobrepõe aos casos registrados pelo Ministério da Saúde (barras azuis). A curva final das linhas dão a previsão do que deve vir nas próximas semanas.

No gráfico, a Rede Análise de covid-19 adianta em 15 dias os dados de sintomas reportados (linhas) e os sobrepõe aos casos registrados pelo Ministério da Saúde (barras azuis). A curva final das linhas dão a previsão do que deve vir nas próximas semanas. REDE ANALISE COVID-19 / REPRODUÇÃO

Se os dados [de covid-19] seguirem o caminho das outras ondas, nos próximos 15 dias teremos uma subida forte. Faço ressalvas porque esta é uma pesquisa, com dados adjacentes”, diz Schrarstzhaupt. Afirmando em seguida que a situação “está muito ruim e não vejo uma região com um cenário mais grave. O aumento de pessoas reportando sintomas é constante em praticamente todo o país”.

A chegada do inverno conduz ao aumento sazonal de doenças respiratórias, mas uma nova aceleração da pandemia guarda outras preocupações:

  • Primeiro, os sistemas de saúde não desafogaram o suficiente para conseguir responder a uma nova subida exponencial e já estão pressionados em várias partes do país.
  • Segundo, as medidas restritivas já foram bastante relaxadas ―o presidente Jair Bolsonaro inclusive acionou o Supremo Tribunal Federal para tentar reduzi ainda mais em alguns Estados― e a circulação de pessoas beira a normalidade.
  • Terceiro, a equação inclui a chegada da nova variante indiana, que pode acelerar ainda mais o crescimento das contaminações, a depender do seu comportamento com a brasileira P1. Ambas são mais transmissíveis.

O Brasil parece que desistiu de se proteger e ficar recluso”, lamenta Schrarstzhaupt.

 


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