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Poesia na pandemia: como o isolamento gerou novos escritores

Editora revela como a quarentena aumentou o número de pessoas que desejam publicar suas poesias

Escrever é um processo que muitas vezes leva tempo, pois é preciso leitura, foco, conhecimento e aprofundamento do assunto que vai ser trabalhado. Na poesia isso não é diferente, o autor busca suas inspirações e motivações que o levaram a colocar os versos em uma folha branca, assim como deixar todos os seus sentimentos e angústias expostos.

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Durante a pandemia, muitas pessoas passaram a se dedicar a outras atividades e projetos que antes não conheciam, e de certa forma, o isolamento social foi um fator que despertou esse lado sensível que muitos nem sabiam que possuíam. Antes da pandemia, a quantidade média de livros consumida pelo brasileiro era de apenas 2,5 livros por ano, mas durante o isolamento esse número cresceu 50%. Uma pesquisa realizada pela Nielsen BookScan demonstrou que entre janeiro e setembro deste ano foram vendidos 36,1 milhões de exemplares de livros, um aumento de 39% em relação ao mesmo período de 2020.

Em termos de poesia, vários projetos foram premiados no “Cultura Presente nas Redes” e nos editais da Lei Aldir Blanc RJ, que tiveram experiências enriquecedoras ao levarem a palavra poética para seus públicos e contribuírem para proporcionar mais paz e alegria às pessoas, ainda mais no triste contexto da pandemia. Esse ramo da literatura serviu como um grande escape para os problemas acarretados por ela.

Um grande exemplo disso é da jovem autora Louise Ramas, que conta que a quarentena a colocou à frente de si mesma, fazendo com que ela transformasse suas angústias e sentimentos em um livro com 25 poemas intitulado Só dou flores aos vivos que não têm pressa. “Estar em isolamento me obrigou a ficar sozinha e sentir as coisas com atenção, ou melhor, com intenção. Ao sentir as coisas com intenção, foi inevitável que muitas dessas coisas se transformassem em palavras. A escrita, além de ser o transbordamento de tantas emoções, foi também uma maneira de compreendê-las“, comenta Louise.

Técnicas de Poesia

A escrita proporciona o processo de se entender e se encontrar no mundo. Ao mesmo tempo em que escrevemos, nos entendemos melhor e colocamos o caos para fora. A mente nunca está em silêncio, mas durante a pandemia, a mente ficou ainda mais irrequieta. A poesia é a maneira de se acolher e colocar para fora os sentimentos para que possamos nos enxergar e liberar toda essa liberdade e limpeza pela cura”, explica a artista Luna Vitrolira.

Autora do livro Aquenda: o amor às vezes é isso, livro finalista do Prêmio Jabuti 2019, e do álbum homônimo, lançado em 2021, Luna Vitrolira também foi uma das pessoas que tiveram que conviver com si mesmas. Quando questionada se alguém já nasce poeta ou se desenvolve no decorrer da vida, ela comenta que todas as pessoas podem se considerar poetas, pois todas possuem sentimentos e maneiras de querer colocá-los para fora. “A partir do momento que a pessoa pega uma caneta, seu tablet ou computador e se coloca no papel ou no improviso, a poesia está presente o tempo inteiro”, comenta a artista.

Além disso, Luna conta que para escrever uma poesia não é necessário seguir um roteiro, mas sim ter liberdade, isso é o principal. Não existe um perfil a ser imposto para ser uma poetisa, basta ter vontade e querer conhecer e aprender, expor os sentimentos e trazer à tona toda a bagagem.

Aumento na procura de editoras

Poesia é uma área muito sensível da escrita, pois, diferentemente das outras formas de escrever, a poesia precisa de um cuidado especial porque no fim o que precisa ser passado é um sentimento, uma sensação e não apenas uma ideia ou paisagem. Para se lançar um livro, seja de qual tipo for é essencial que o autor esteja comprometido com o projeto, que saiba em qual  mercado está pisando e qual a direção quer seguir. Por isso, muitas vezes é essencial ter uma boa editora. Afinal, um livro na maioria das vezes é um sonho se tornando realidade.

Lucas Fonseca, da Editora Philos, responsável por publicar o livro de Louise Ramas, comentou que durante a pandemia eles tiveram diversos novos projetos de pessoas que queriam falar sobre o que estavam sentindo. Por um lado, isso se tornou complexo, pois muito do que se escreve nem sempre é acessível (de uma forma sentimental) para quem está lendo. “Exatamente neste momento acontece uma ruptura na direção do autor: para quem você está escrevendo? A resposta parece complicada, mas na verdade é bem fácil: se você escreve apenas para você, talvez esse projeto deva se tornar algo pessoal apenas para amigos e ainda assim ser um livro. Mas, se ao escrever, você também pensa em como acessar o outro, aí já temos um escritor em formação“, explica o editor.

Sentimentos em destaque

O sentimento de solidão, a tristeza, ansiedade e amor foram os temas mais abordados nos manuscritos que a editora recebeu durante a pandemia. “É sempre importante lembrar que a escrita, seja ela qual for, é uma arte e qualquer arte é sempre fruto dos sentimentos humanos em seu período”, conta Lucas Fonseca. “Com os livros não seria diferente, lembrando que durante a grande peste de 1920, em pleno caos, surgia no Brasil o movimento artístico mais importante do país, o Modernismo”.

Segundo Lucas, esse momento pós pandêmico está trazendo uma energia muito interessante de pessoas que se interessam pelos vários gêneros de arte – literatura, pintura, música, entre outros. Talvez a solidão e a necessidade de se conectar consigo mesmo tenham sido um gatilho para que as pessoas percebam que é impossível viver sem arte. E disso surgem diversas dúvidas e questionamentos que, em sua maioria, aproximam o público desse universo tão extenso.

Sobre a autora

Louise Ramas tem 20 anos e é graduanda de Relações Públicas na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) de São Paulo. A estudante paulistana já realizou um curso na Organização das Nações Unidas, em Nova Iorque, e participou por 3 oportunidades do evento Dell Women’s Entrepreneur Network (DWEN), evento da rede de capacitação de mulheres empreendedoras da Dell. Na edição 2017 do DWEN, realizada em São Francisco (EUA), Louise, com 16 anos à época participou e apresentou um plano de negócios junto com outras garotas no programa chamado Girl’s Track.

Escreve poesia desde a adolescência e lançou em 2021 seu primeiro livro. Só dou flores aos vivos que não têm pressa é um compilado com 25 poesias com várias facetas do amor, entre elas a perda e a reconquista. Sonhando em se tornar uma escritora profissional, Louise publica textos autorais em suas redes sociais.

Escreve poesia desde a adolescência e lançou em 2021 seu primeiro livro. Só dou flores aos vivos que não têm pressa é um compilado com 25 poesias com várias facetas do amor, entre elas a perda e a reconquista. Sonhando em se tornar uma escritora profissional, Louise publica textos autorais em suas redes sociais.

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Thais Cipollari


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