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2022 foi um ano desafiador, o que esperar para 2023?

A cadeia agrícola é uma das atividades mais expostas aos riscos e volatilidades, por isso, 2022 foi um ano complexo para o produtor brasileiro e 2023 precisa de planejamento, mas o cenário é otimista

*Por Luiz Tângari, CEO e cofundador da Tarken

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2022 foi um ano com muitos acontecimentos para o agro nacional. Experimentarmos o retorno dos eventos presenciais do setor, como feiras, congressos e exposições que nos deixaram tão saudosos nos anos anteriores, e registramos safras recordes no trigo, milho e soja, mas não podemos ignorar que o ano trouxe uma gama de movimentos turbulentos para o agronegócio como um todo.

Para começar, a guerra entre Rússia e Ucrânia logo no início do ano atingiu diretamente as lavouras nacionais com o aumento repentino do custo dos fertilizantes (no Brasil, o aumento do insumo foi superior a 350%) e fez o produtor buscar por outras formas de financiamento, onerando um pouco mais a sua produção. O mesmo evento provocou a quebra da cadeia de exportação global de grãos (ambas as nações são grandes produtoras de grãos e cereais), e nos forçou a repensar sobre a dinâmica do mercado mundial. 

O aumento do Diesel, que tem em partes relação com a guerra e menor disponibilidade global, impactou o valor do frete e prejudicou negociações em todo o país, dificultando o escoamento de grãos e refletindo na prateleira dos mercados – setores de produção de proteínas de origem animal que dependem diretamente do milho, como leite, ovos e frango, tiveram aumentos consideráveis nos custos de produção e, por consequência, no preço ao consumidor final.

Foi um conjunto de fatores que pressionou a inflação para cima, e como consequência observamos o aumento das taxas de juros, especialmente da Selic, hoje em 13,75%. Essa manobra do governo para conter a inflação elevando a Selic dificultou o acesso do produtor ao crédito, atingindo também o Plano Safra 22/23. Os subsídios do governo tiveram foco maior nos pequenos e médios produtores (Pronaf e Pronamp), enquanto as taxas de juros ao ano para os demais produtores passaram de 7,5% para 12% nesta safra. 

De certa forma, isso reforça a necessidade e importância de diferentes fontes de ofertas de crédito para o agro, especialmente visando aumentar a quantidade de recursos e para promover melhores condições de financiamento considerando as particularidades de cada produtor. O plano safra já não supre todas as necessidades de crédito para o setor há algum tempo, por isso as revendas precisam ser mais eficientes e assertivas no fornecimento de crédito, auxiliando o produtor a superar este cenário desfavorável.

Ainda assim, a resiliência do produtor rural superou todos estes desafios e entregou para a nossa balança uma safra recorde no trigo (+19,3%), no milho (+28%) e na soja (+6%), motivo de orgulho para todo o país. A safrinha também foi destaque com produção de 44% a mais do que a anterior. Temos muitos motivos para comemorar, afinal, foi uma safra de milhões – sem perdão pelo trocadilho.

E o que esperar de 2023?

É consenso que alguns destes fatos continuarão sendo desafios para os produtores nos próximos meses. Pensando no cenário econômico, a inflação e os juros elevados ainda devem nos acompanhar por algum tempo, até que todas as incertezas do cenário político-econômico atual se desfaçam. 

Taxas altas associadas aos elevados preços de insumos ainda podem interferir nas margens de lucro, mas espera-se que com uma maior adesão às tecnologias existentes para uma análise de crédito mais assertiva e de acordo com o perfil de cada produtor, essa realidade passe a mudar. 

Análises de crédito individuais são o futuro do agronegócio, tanto para o produtor quanto para as revendas. A utilização de inteligência artificial, por exemplo, já é capaz de auxiliar o produtor no custeio da safra por meio da análise de risco, realizada através da associação dos dados fornecidos pelo próprio produtor com os bancos de dados públicos. Essa análise é encaminhada para o banco ou instituição financeira ideal àquele perfil, fornecendo todo o suporte para fechamento da operação e cessão do crédito com transparência e agilidade. 

Seguimos trabalhando incansavelmente para que isso se torne uma realidade mais acessível e rotineira para todos os produtores e os outros importantes elos do agronegócio nacional.

As projeções de produtividade do setor são favoráveis. A curto prazo, a cautela deve estar na mesa, e mais do que nunca é preciso fazer contas. O Brasil não deve recuar na importância do mercado global de grãos e cereais, mas os aprendizados do ano que se encerra serão um diferencial importante para o ano que está por vir.

2023 será o momento das tecnologias da porteira para fora mostrarem todo o seu potencial de suporte ao produtor na sua tomada de decisão, facilitando trâmites e melhor embasando o relacionamento entre o tomador de crédito e seu fornecedor, em busca de uma agricultura mais ágil, competitiva e rentável para todos.

*Sobre o autor: Há 10 anos, Luiz Tangari se dedica a trazer tecnologia e inovação para o mercado Agro. Primeiro como CEO da Strider, AgTech vendida para a Syngenta em 2018, e hoje focado em liderar a revolução digital porteira para fora como CEO e Co-Founder da Tarken. Fundada em 2021, a atuação da empresa vai desde marketplace de grãos até plataforma de análise de risco de crédito e originação financeira.

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Luiz Tangari – CEO e co-fundador da Tarken
Divulgação
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