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Próxima medida de Bolsonaro pode cair como uma bomba no mercado de publicidade na TV

Próximo alvo: publicidade na TV

Na fotografia: Bolsonaro entre Edir Macedo (RecordTV) e Silvio Santos (SBT) durante comemoração do 7 de Setembro em Brasília. Foto: Alan Santos/Presidência da República

Por Júlio Lubianco

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Se as duas medidas provisórias que tratam da publicação de balanços de empresas e avisos do poder público afetam diretamente as finanças de jornais impressos, a próxima medida de Bolsonaro pode cair como uma bomba no mercado de publicidade na TV.

Ele já deu sinais que pretende editar uma MP para mudar as regras do chamado “bônus de volume”. O bônus é uma espécie de incentivo pago a agências de publicidade por emissoras de TV como recompensa pela compra de espaço publicitário, explica o UOL. Como lembra o Meio&Mensagem, “a prática de bonificação de volume (BV) […] rege o mercado publicitário nacional”.

A TV Globo, que tem a maior audiência na TV aberta brasileira, usa o bônus para garantir ainda mais receitas de publicidade, o que desequilibra o mercado na avaliação de outra emissoras, como informa o jornalista Ricardo Feltrin, especializado em mídia, também no UOL. Como lembra o Meio&Mensagem, “a prática de bonificação de volume (BV) […] rege o mercado publicitário nacional”.

Recentemente, em entrevista à Folha de S. Paulo, Bolsonaro disse que pode editar uma medida provisória para alterar as regras do bônus de volume, pois “para o presidente, um projeto de lei não andará tão rápido no Congresso”. Ainda de acordo com a Folha, o presidente “ameaça reeditar a MP a cada ano de seu governo. O alvo da medida é o Grupo Globo, segundo Bolsonaro”.

A empresa concentra a maior parte das verbas de publicidade do país e, segundo críticos, usa o bônus de volume para ampliar ainda mais a sua participação no mercado,  informou a Folha em janeiro, numa detalhada reportagem sobre o tema. O mecanismo também favorece outras emissoras de TV em relação a outras mídias, como jornais e rádio.

Durante a campanha e desde o início do governo, Bolsonaro tem feito ataques à cobertura jornalística, e tem como um dos seus alvos prioritários a TV Globo. Ao mesmo tempo, ele tem se aproximado de outras emissoras, como o SBT, do empresário Silvio Santos, e a RecordTV, de Edir Macedo, também líder da Igreja Universal do Reino de Deus. Os dois estiveram com Bolsonaro no palanque da comemoração do último 7 de Setembro, em Brasília.

As duas emissoras têm sido preferidas pela equipe de comunicação da Presidência da República na divulgação de políticas públicas e em entrevistas exclusivas de membros do governo, sobretudo do presidente da República. Ao mesmo tempo, vozes mais críticas são abafadas. Em junho, a RecordTV afastou o veterano jornalista Paulo Henrique Amorim da apresentação do semanal Domingo Espetacular (ele teve um infarto e morreu dias depois). Já a Rachel Sheherazade deixou a apresentação do SBT Brasil, principal telejornal da emissora, às sextas-feiras após críticas ao governo.