Ausência de política de longo prazo prejudica atuação estratégica das agências de fomento
O presidente do Badesc, Eduardo Machado, defendeu a criação de uma Política Nacional de Fomento que não seja sensível as mudanças governamentais, durante webinar, na sexta-feira (18), promovido pela Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE). Por mais de duas horas, especialistas debateram o papel da inovação na recuperação pós Covid-19 e os desafios das agências de fomento na oferta de crédito.
Machado, que foi responsável por mediar o debate, destacou que a ausência de política de fomento voltada à inovação e a formação bruta de capital fixo para o longo prazo, acaba por não incentivar os empreendedores a investirem nesses importantes componentes do desenvolvimento econômico. A condição atual permite que a cada mudança de governo seja criada uma outra diretriz estratégica para o fomento e desenvolvimento das economias regionais.
“Essa condição dificulta o papel das agências em fomentar as economias estaduais com estratégias e programas de crédito direcionados aos necessários e importantes investimentos de longo prazo”, explica Machado. Ele citou ainda, que as instituições de fomento e desenvolvimento não possuem, por exemplo, qualquer tratamento tributário diferenciado, ainda que essas instituições estejam expostas a riscos bem maiores no mercado, por atuarem em regiões de menor desenvolvimento econômico e social, apoiando financeiramente arranjos produtivos locais ou ainda financiando a construção de infraestrutura municipal.
Segundo o presidente, a inovação é peça chave na alavancagem do desenvolvimento econômico e sustentável. “Por isso, a criação da política nacional de fomento permitirá desenhar ferramentas e parcerias específicas que deem ao país oportunidade de competir em igualdade de condições com as economias já desenvolvidas.”
Além da necessidade de uma política nacional, também foram debatidos pontos para desmistificar o acesso ao crédito de inovação pelas empresas e o fortalecimento dos ambientes de inovação. Os especialistas destacaram que as empresas precisam compreender que não é necessário ter base tecnológica ou ser de grande porte para inovar.
Ambientes de inovação
Durante o webinario, o presidente da Anprotec, Francisco Saboya Albuquerque Neto, ressaltou a importância de fortalecer os ambientes de inovação, principalmente por serem espaços diferenciados de elaboração e articulação de políticas de longo prazo para desenvolvimento da inovação. Ele afirma que é necessário estruturar e proliferar os ambientes de inovação, em busca de conexão entre a ciência e o setor produtivo. Além disso, ele cita que esses ambientes têm o desafio de preparar a sociedade e ser implementadores de estratégias de convívio e enfrentamento de pandemias.
O superintendente de Inovação da Finep, Newton Kenji Hamatsu, reforçou que o fortalecimento das áreas de inovação é essencial para o desenvolvimento, citando o ecossistema de Florianópolis, como exemplo que dá certo. Hamatsu expôs os programas da Finep em andamento e os investimentos já realizados. Além disso, afirmou que a Financiadora está trabalhando em projetos pós pandemia para alavancar a inovação no país.
Além do presidente do Badesc, mediador do debate, do presidente da Anprotec, do superintendente de Inovação da Finep, participaram a diretora de Finanças e Gestão da Desenvolve MT, Anne Cristine Siqueira; a superintendente de Planejamento e Relacionamento Institucional da AgeRio, Tatiana Oliver; o Pró-Reitor de Extensão e Cultura na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Jorge Ávila.
Recursos Finep
O Badesc opera recursos Finep desde 2013 e já contratou mais de R$ 163,8 milhões em projetos de inovação.
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