Análise Política Notícias Política

Políticos derrotados na última eleição voltam substituindo ministros de Lula

O presidente Lula garantirá uma segunda chance a alguns nomes tradicionais da esquerda derrotados nas urnas em 2022. Eles tomaram posse no Legislativo nesta quarta-feira (01/02), substituindo colegas que se tornaram ministros de Estado.

São políticos como o ex-ministro Orlando Silva (PC do B-SP) e os deputados Ivan Valente (PSOL-SP) e Vicentinho (PT-SP) – este último irá agora para o seu sexto mandato consecutivo na Câmara.

-
Faça uma doação para a manutenção do portal de notícias
Jornal Alfredo Wagner Online
https://jornalaw.com.br/doacao/

Com experiência no Congresso e proximidade ideológica do Palácio do Planalto, é provável que ocupem funções de destaque nos próximos quatro anos, ao contrário de alguns outros suplentes de ministros de Lula.

Orlando Silva, natural de Salvador (BA) e ex-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), foi ministro dos Esportes de 2006 a 2011, sob Lula e Dilma Rousseff (PT). Sua carreira política deslanchou em São Paulo quando foi eleito deputado federal em 2014 e em 2018. Em 2022, obteve pouco mais de 108 mil votos, ficou como o 1º suplente da federação partidária formada pelo PT, pelo PC do B e pelo PV em São Paulo pois não conseguiu ser eleito. Agora, voltará ocupando a vaga deixada por Luiz Marinho (PT-SP), atual ministro do Trabalho e Emprego.

Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, congressista veterano do PT de São Paulo, exerce o mandato ininterruptamente na Câmara desde 2003. Em 2022, ele teve 82,9 mil votos e não foi eleito, mas voltará à Casa para o sexto mandato, desta vez, substituindo outro petista de São Paulo, o deputado reeleito Paulo Teixeira, atual ministro do Desenvolvimento Agrário. Ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo (SP), Vicentinho foi líder da bancada do PT em 2014 e 2015.

Vicentinho conta que teve mais votos em 2022 que em 2018 – e mesmo assim não se elegeu.

Ivan Valente ocupará uma das vagas abertas na lista da federação formada pelo PSOL e pela Rede Sustentabilidade, com a nomeação das ministras Marina Silva (Meio Ambiente) e Sônia Guajajara (Povos Indígenas). No Legislativo federal desde 1995, Ivan Valente teve 44,4 mil votos em 2022 e ficou como o 2ª suplente da federação PSOL-Rede, que conquistou seis vagas na Câmara em São Paulo. Com exceção de um breve período no começo do primeiro mandato de Lula (2003 a 2005), esta será a primeira vez que Valente não estará na oposição.

Lula decidiu compor a Esplanada dos Ministérios com 12 políticos eleitos para o Congresso em 2022: nove deputados federais e quatro senadores. Há ainda quatro senadores que já estavam no mandato entre os ministros. A proporção de membros do Legislativo entre no ministério do petista é de pouco mais de 40% – bem mais que na primeira formação da Esplanada de Jair Bolsonaro (PL), quando só quatro dos 22 titulares tinham cargo no Poder Legislativo.

Sindicalistas, prefeitos e herdeiros do jogo do bicho

Os ministros de Lula serão substituídos por congressistas veteranos de esquerda não eleitos em 2022, como Vicentinho, Ivan Valente e Orlando Silva, e também por ex-prefeitos, vereadores, sindicalistas e diretores de ONGs. Segundo a imprensa, “há também um empresário dono de usinas de cana de açúcar em Alagoas e até um político da baixada fluminense que é parente de um tradicional barão do jogo do bicho carioca”, afirma a BBC News.

Duas mulheres substituição ministros de Lula no Senado. Flávio Dino (Justiça) terá sua cadeira ocupada pela prefeita de Pinheiro (MA), Ana Paula Lobato (PSB), mulher do presidente da Assembleia Legislativa do Estado, o deputado estadual Othelino Neto (PC do B). Já o petista Wellington Dias (Desenvolvimento Social) deixará o mandato nas mãos da socióloga Jussara Lima (PSD), que é casada com o deputado federal Júlio César (PSD-PI).

Renan Filho (MDB-AL), Ministro dos Transportes de Lula, seguiu uma tradição da política brasileira ao escolher seu principal financiador de campanha como suplente. Seu mandato ficará com o empresário alagoano Fernando Farias (MDB). Genro do industrial Carlos Lyra, morto em 2017, Farias é diretor do Grupo Lyra, uma empresa que controla usinas de cana de açúcar em Alagoas. Ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ele declarou patrimônio de R$ 7,7 milhões. Ele fez a maior doação individual para a campanha de Renan Filho: R$ 350 mil.

A cadeira da ministra do Turismo, Daniela Carneiro (União Brasil-RJ), será ocupada pelo advogado Ricardo Abrão. Ele é sobrinho de Anísio Abraão David, um dos principais nomes do jogo do bicho no Rio de Janeiro. Presidente da escola de samba Beija-Flor até 2021, Abrão é filho do ex-prefeito de Nilópolis, Farid Abrão (1944-2020).


Descubra mais sobre Jornal Alfredo Wagner Online

Assine para receber os posts mais recentes por e-mail.