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Conhecendo alguns dos soldados colonos, primeiros moradores de Alfredo Wagner – 1

Serafim Muniz de Moura e sua família já foram descritos em bela biografia redigida por Juliano Norberto Wagner. Tendo sido o primeiro morador nestas terras, recebeu grandes extensões do lado esquerdo do Rio Itajaí do Sul e ali se estabeleceu, mudando, hora para um local, hora para outro, até se fixar nas proximidades da Colônia Militar Santa Teresa quando esta foi fundada.

Vamos traçar um pouco da biografia dos primeiros soldados da Colônia Militar extraídos de relatórios dos Diretores da Colônia Militar descritos por Adelson André Brüggemann em sua dissertação, A sentinela isolada – O cotidiano da colônia militar de Santa Thereza (1854-1883) apresentada ao Programa de Pós-graduação em História, do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina onde resume a biografia e características destes soldados colonos extraídos de relatórios encontrado no Arquivo da Colônia Militar de Santa Teresa no Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina

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Entre os soldados colonos moradores da Colônia Militar em 1854, temos os seguintes sobrenomes: Alves; Andrade; Bento; Bernardino; Bezerra; Brazil; Cardoso; Chaves; Costa; Deus; Francisco; Germano; Godinho; Lacerda; Leite; Maciel; Medeiros; Mendes; Moraes; Narciso; Nascimento; Oliveira; Passos; Pereira; Prazeres; Rodrigues; Roiz; Rosa; Santos; Schligting; Silva; Siqueira; Souza; e Vicente.

José Joaquim de Oliveira vivia na colônia desde o dia 1º de janeiro de 1854. Ou seja, esse soldado foi um dos primeiros colonos a se estabelecerem na colônia. Era carpinteiro, solteiro e considerado inválido. Era fraco oficial de carpina e por sua avançada idade já não prestava serviço algum, contudo ainda fazia pequenas plantações. Nasceu em 1796 e em 1862 possuía 66 anos de idade. Serviu no Exército desde o ano de 1818 (quando tinha 22 anos) e, com o diretor da colônia João Francisco Barreto, participou da
Campanha nos Campos de Pirajá, na província da Bahia, em 1823. Foi praça do Batalhão do Imperador e praça do 3º Batalhão de Caçadores, cujos oficiais aderiram à Sabinada, em 1837. No ano seguinte, quando as tropas da legalidade venceram a rebelião, dispersos os seus chefes, o governo daquela província mandou abrir nova praça a este soldado, assim como aos demais soldados do 3º Batalhão. Isso não levou em conta o tempo de serviço anterior. No mesmo ano de 1838 seguiu da Bahia para a província do Rio Grande do Sul, acompanhando esse Batalhão. Em 3 de maio de 1840 participou dos ataques no Taquary, em 13 de junho de 1841 no Passo de São Borja, e, em 22 de junho no Banhado do Inhatium. Foi com passagem para a Companhia de Inválidos, sendo inspecionado em Porto Alegre em 2 de dezembro de Barreto, tenente coronel diretor. Em 1862, portanto, contava com 24 anos de serviço e, conforme o diretor, o soldado agradecia a escusa do serviço pela ordem do dia do Exército n. 298, de 21 de dezembro de 1861, que lhe foi concedida; e “a levar-se em conta o tempo anterior, que por obedecer a seus comandantes lhe fizeram injustamente perder, conta 44 anos de praça”
(op. cit. páginas 175-176).

Antônio Francisco Pereira, soldado-colono, foi para a colônia no dia 1º de janeiro de 1854. Era viúvo e procedente da Companhia dos Inválidos. Por sua avançada idade e moléstias, pouco serviço prestava.
Porém, fazia suas pequenas plantações. Foi praça recrutado no Depósito da Corte em 18 de junho de 1849, provavelmente preso por algum pequeno delito e por conta disso recrutado para o exército, como tantos outros exemplos da função de polícia que o Exército brasileiro desempenhava ao longo do século XIX. Contava, em 1862, com 13 anos de praça. Pertenceu ao 6º Batalhão de Caçadores e passou a ser adido a Companhia de Inválidos da província de Santa Catarina em 12 de abril de 1850
(op. cit. páginas 176).

Claudino Torquato de Andrade também chegou na colônia no dia 1º de janeiro de 1854. Era casado, sentou praça na Companhia dos Inválidos para servir no Exército. Era considerado praça ativo para o serviço e fora dele fazia suas plantações. Estava, em 1864, com o tempo de praça findo e aguardava sua baixa para retirar-se da colônia porque era demasiado fraco para continuar vivendo lá. (idem)

Felisbino Pereira Francisco vivia na colônia desde 1º de janeiro de 1854. Era casado e pertencia à Companhia dos Inválidos. Era considerado praça ativa para os serviços do Exército. Além disso, cultivava boa parte de suas terras. (idem)

Theophilo José Godinho trabalhava na colônia militar de Santa Thereza desde o dia 1º de janeiro de 1854. Era solteiro e proveniente da extinta Companhia dos Pedestres. Era doente e impróprio para os trabalhos de campo e da lavoura. Estava com o seu tempo de praça findo e esperava sua baixa para voltar para sua casa materna, na Capital da província. (idem)

Ricardo José da Roza chegou na colônia no dia 6 de março de 1854. Era casado e proveniente da Companhia de Inválidos. Esse soldado sofria muito de enxaqueca e por esse motivo prestava pouco serviço à colônia. O diretor da colônia avaliava que esse soldado possuía índole cigana: nada conservava, pois apenas comprava um animal, e ainda não pago, logo o vendia. Sendo assim, não fundou nenhum sítio e a própria casa em que morava vendeu-a para morar em casa alheia. (op. cit. páginas 177).

Manoel João Pereira vivia na colônia desde do dia 1º de junho de 1856. Era casado e oriundo da Companhia de Inválidos. Esse soldado era praça recrutado desde o dia 16 de outubro de 1841. Ao terminar o seu tempo de praça engajou-se novamente na Fortaleza de Santa Anna no dia 19 de setembro de 1849. Não fazia serviço algum, nem para si nem para a colônia. Faltava-lhe a mão direita e “sofre a tal ponto enfermidades nos pés, que só a cavalo pode caminhar”. Perdeu sua mão em uma salva de artilharia na Capital da província, na Fortaleza de Santa Anna, em um dia de cortejo. Suas plantações eram feitas por sua esposa. Levava o tempo em contínuos excessos de bebida e de jogos, tanto em sua casa como fora dela. Conforme o diretor, ele influenciava a mocidade da colônia com funestas lições. Retirou-se da colônia para a Companhia de Inválidos no dia 1º de setembro de 1865. Sua família era composta pela mulher e uma filha de doze anos de idade. (idem)

No próximo artigo continuaremos com o resumo das biografias dos soldados colonos que ajudaram a fundar este empreendimento que deu origem a Alfredo Wagner.